quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sexualidade no envelhecimento



Sexualidade no envelhecimento

Existem muitos factores que perturbam a sexualidade no envelhecimento: biológicos, psicológicos e socioculturais. A idade de mais experiência deveria traduzir-se numa superior valorização social, mas nas sociedades ocidentais o envelhecimento está associado à fragilidade e inutilidade.Devido ao envelhecimento, em termos físicos, o indivíduo vai ficar mais vulnerável.Muitos dos sinais que afligem os mais idosos, relativamente a este aspecto, derivam do modelo que as pessoas formulam, que é o “modelo jovem” da sexualidade: o sexo é para gente jovem e bonita. Outros factores terão importância na vivência sexual dos mais velhos. Os aspectos socioculturais parecem perturbar muito a sexualidade durante o processo de envelhecimento.


Além disso, a generalização do sexo, colocando os órgãos sexuais e o coito no centro da sexualidade, tem diminuído abordagens alternativas para o prazer, sobretudo nas pessoas com mais idade.Os modernos padrões de beleza também são muito questionáveis: então não existem idosos bonitos e charmosos? De acordo com o padrão do envelhecimento, na mulher predomina a valorização de um corpo e imagem atractivos e no homem a valorização de competência, estatuto social e experiência.
Além disso, ainda existem limitadores físicos da sexualidade no envelhecimento. O aparecimento de doenças e a debilidade física deste período podem condicionar a actividade sexual dos mais idosos. Para os viúvos, as coisas tendem a complicar-se, já que a dificuldade em encontrar um parceiro na terceira idade é muito grande, sobretudo para as mulheres.
É necessário perceber que o idoso, em termos de desempenho, tem capacidades que o jovem não possui. Por exemplo, o aumento do período pré-orgásmico. Os mediterrânicos estão habituados a associar o prazer à rapidez, mas o idoso tem o aumento do tempo do acto sexual e pode privilegiar o prazer.


A Mulher Idosa

Para a mulher idosa, a sexualidade é mais complicada do que para o homem, pois com a actual tendência para o culto do corpo feminino e de querer manter-se jovem, a mulher idosa sente-se desvalorizada, dado que já não mantém a forma e o vigor de antigamente.
Após a menopausa, a mulher passa a não ter menstruação, não produz mais as hormonas responsáveis pela suavidade da pele, textura dos cabelos e trofismo vaginal (a vagina era enrugada e passa a ficar lisa). No entanto pode continuar com a actividade sexual, sem dificuldades físicas ou falta de lubrificação, desde que mantida regularmente.
Quando se excita, sucede-se o mesmo que nos jovens, porém ocorre uma redução dos acontecimentos, por exemplo, do aumento do clítoris e pequenos lábios, a lubrificação vaginal é mais lenta e menos acentuada, as paredes vaginais ficam mais frágeis e menos elásticas.
É na ausência de uma actividade sexual regular que vão aparecer os problemas fisiológicos e vaginais, impedindo contactos muito íntimos e desencadeando distúrbios psicossexuais.


Saúde
A insuficiência cardíaca, com dificuldades de vascularização, é um problema que implica limitação. O coração tem complicações com a contracção e a circulação sanguínea e, como a erecção não é fisiologicamente mais do que a irrigação de sangue no órgão, o desempenho fica afectado. Também quando se sofre um enfarte do miocárdio, todo o exercício físico está condicionado. A médio prazo, o indivíduo pode recomeçar a actividade física e sexual, até para que os níveis de auto-estima sejam recuperados. Terá sempre de haver um acompanhamento médico.
Nos diabéticos e doentes com artrite há dificuldades de mobilização. Nestes casos, a sexualidade não está comprometida, mas condicionada. O desejo permanece, mas é o próprio corpo que vai limitar o doente, que irá criar novas estratégias. Provavelmente, o acto tem de ser mais lento, com maior relevância para os preliminares.

Sexualidade no Envelhecer
A sexualidade no envelhecimento acontece com alterações ao nível do corpo, da vida e da historicidade da pessoa que envelhece. A sexualidade tem as suas peculiaridades e manifestações específicas nos diversos estágios do viver. Não podemos pensar que o adulto maduro ou idoso vive a sua sexualidade seguindo um certo padrão, modelo ou referência como acontece nos jovens. Considerar isso levaria a que se privilegiasse mais o corpo que a própria pessoa enquanto que na sexualidade no envelhecimento tem que se ter em conta o universo de vivências, experiências e a sabedoria acumulada pela pessoa ao longo da sua vida.

É importante pensarmos que a sexualidade nos idosos como uma possibilidade de desempenhos satisfatórios, mas não podemos deixar de ver que a experiência sexual vivida pode alcançar um patamar de muita afectividade e beleza mesmo que o desempenho não seja tão eficiente. A maturidade relativiza o desempenho genital e incrementa o empenho na qualidade de vida do idoso ou adulto maduro. Importa mais um eficiente “desempunho da ternura”, que um eficiente desempenho sexual. Se não se exercitar a arte de gostar na intimidade, no toque, na troca de carícias, na democracia de gestos e emoções, essa arte ficará sem grande efeito no envelhecimento, sobre tudo na vida sexual do idoso. Por isso a sexualidade no envelhecimento, o “ser” da pessoa idosa tem um lugar principal para uma vivência mais plena. Em suma, uma sexualidade menos triunfante, mais amorosa, mais madura, menos “complicada” na juventude.

A cultura adquirida pelos idosos privilegia o desempenho sobre a ternura. Isso faz com que pessoas idosas, que se condicionam a fazer sexo mais na sua dimensão genital, podem acabar por ficar desiludidas e tristes, pois não percebem que a maior riqueza está escondida no viver sexual que é condicionado por múltiplas dimensões. Pensar ou viver a sexualidade só em termos corporais é redutor e destituído de carácter afectivo pelo qual as pessoas tornam outras especiais para elas, e pelo qual se tornam especiais para as outras. Somos seres que são afectados pelo simbolismo da linguagem e pelo imaginário da cultura. Nessa vertente podemos considerar-nos seres de afecto. O olhar redutor que procura apenas o prazer através da relação sexual genital empobrece a experiência sexual dos idosos, podendo frustrá-los. A sexualidade empobrece com gestos que se tornam repetitivos, com esse olhar que nada cria, nada descobre ou revoluciona, apenas gera expectativas exigentes de si mesmo e dos outros fazendo com que a cama seja como um lugar de combate ou um tribunal de avaliações. As expectativas podem produzir um certo desapontamento e a frustração dai provocada pode levar a depressões na velhice.

A obsessão pela aparência física, pela pressuposta eterna juventude seja uma das barreiras com as quais convivem alguns idosos, porque imaginam que o corpo envelhecido não é capaz de amar, de ter prazer. Talvez muitas pessoas idosas não tenham aprendido que a sexualidade é também uma arte. A sexualidade embeleza com o mistério, com a ternura e com uma certa estética de viver. Conquistar isso é chegar ao ponto alto do viver a dois na velhice.
É inquietante a forma como se fala excessivamente, se mostra abusivamente, banaliza e o tom em que se expõe a sexualidade nos meios de comunicação. O excesso de recomendações, normalizações e supostas formas de obtenção de maior prazer, castram a criatividade, a descoberta saborosa, a espontaneidade das vivências. Afinal, todos sabemos fazer sexo. O que poucos sabemos é vivê-lo com arte. As promessas de felicidade, as fórmulas podem ser mais dificultadoras do que facilitadoras do bem-estar, da alegria sexual das pessoas.

As distorções aprendidas podem atrapalhar a sexualidade madura que se caracteriza pelo encontro de peles, pelo gosto de estar juntos, pelo prazer do presente simples, carinho, compreensão antecipada, quase adivinhação. A vida madura nutre-se da emoção simples, vivida em conjunto, de um novo amanhecer, de discursos silenciosos, de olhares que contam histórias e falam de desejos, do gosto enfim de se estar vivos e juntos. Coisas simples, mais próximas do gestual que da sofisticação de técnicas aprendidas.
Por fim, que se esclareça e incentive os idosos a encontrarem primeiro, dentro de si, as reservas de ternura e que delas façam uso no conviver sexual, de forma menos obsessiva por desempenhos – como o sexo - que são muitas vezes mais afirmados que realizadores pelo sujeito.
As alterações físicas devido a idade
As mudanças que intervém na fisiologia sexual de um indivíduo em idade avançada, podem afectar, seja a função eréctil que a ejaculação.
Essas alterações não devem ter qualquer impacto funcional em relação ao usufruto subjectivo de um encontro sexual.
Porém, o conhecimento de que essas mudanças não são disfunções e que uma assistência para corrigir as práticas sexuais, pode ser indispensável para prevenir tal ocorrência devido a ansiedade ou medo de falhar.


Os homens frequentemente percebem algumas mudanças distintivas como:

- Prolongamento do tempo necessário para haver uma erecção completa;
- A erecção pode não ser assim firme ou ampla como nos últimos anos precedentes;
- Uma diminuição do tempo em manter a erecção antes da ejaculação;
- Uma redução da força de ejaculação e um aumento de duração da fase refractária;
- Uma percepção mais limitada do fato que a ejaculação está para vir;
- A perda de erecção depois de um orgasmo pode ser mais rápido, ou então precisa de mais tempo para obter outra erecção;
- Alguns homens podem necessitar de uma maior estimulação manual.

Pessoas idosas, que ignoram as mudanças normais das funções sexuais próprias do envelhecimento, por falta de informação, que leva a atitudes erradas em relação a actividade sexual na terceira idade, podem ser influenciadas pelo fenómeno de ansiedade da expressão sexual.

Em particular relevância nas pessoas idosas, é o temor e a ansiedade que podem resultar em interpretações negativas das alterações na estrutura genital e na resposta sexual, próprio da idade.

Apesar disto, com o passar do tempo manifestam-se uma variedade de alterações nas respostas sexuais e estas modificações devem ser compreendidas pelo ancião.

Todas as pessoas, independentemente do seu sexo, estado civil ou idade, têm direito a uma sexualidade que as satisfaça não só em termos físicos como também emocionais.Uma das ideias mais comuns na nossa sociedade é a de que as pessoas idosas não têm vida sexual. Esta ideia, bem como muitas outras sobre a sexualidade nesta fase da vida é falsa. Vejamos algumas delas:
- Quando a pessoa envelhece o sexo faz mal à saúde.
- Os idosos não têm condições físicas que lhes permitam ter uma actividade sexual.
- Os idosos não têm interesses sexuais.

Estas ideias fazem com que, socialmente, não seja esperado que um idoso tenha o desejo de ter relações sexuais e ainda menos que demonstre esse desejo. Chega-se a considerar que é de mau gosto que os idosos assumam os seus interesses sexuais.Por interiorizarem estas ideias, muitos idosos acabam também por pensar que, devido à sua idade, não têm mais o direito a uma vida sexual.

O envelhecimento não implica o desaparecimento da sexualidade. O que pode existir é uma evolução na maneira de estar e de viver a sexualidade. De facto, ocorrem algumas alterações, lentas e progressivas, no corpo dos homens e das mulheres a partir dos 40 anos de idade que podem afectar a sexualidade à medida que a idade avança. Referimos algumas:
Nas mulheres:
- A vagina diminui de tamanho, torna-se mais estreita e perde elasticidade.
- A lubrificação da vagina torna-se mais lenta e surge em menor quantidade.
- Diminui a intensidade e a frequência das contracções da zona pélvica durante o acto sexual.
Nos homens:
- Diminui a produção e emissão de esperma, embora nunca chegue a desaparecer por completo.
- A erecção é mais lenta, menos firme e necessita de mais estimulação.
- Reduz-se a intensidade das sensações do orgasmo.
- Dá-se um aumento do período refractário, ou seja, do tempo de recuperação necessário entre um orgasmo e o seguinte.
É importante notar que estas alterações não ocorrem nem na mesma altura nem da mesma forma em todas as pessoas. Cada indivíduo tem o seu próprio ritmo e, para alguns, estas mudanças não chegam a ser muito pronunciadas.
Também o modo como cada pessoa vive estas alterações é diferente. Algumas encaram-nas como naturais, enquanto que outras ficam alarmadas e preocupadas, pensando que vão deixar de poder ter relações sexuais.
Uma das razões pelas quais isto acontece é porque existe a ideia de que o sexo se reduz ao coito, ou seja, à penetração do pénis na vagina, o que é uma visão muito limitada da sexualidade.


Existem muitas formas de dar e de ter prazer numa relação entre duas pessoas, que não apenas através do coito.
As carícias, os beijos, as massagens, a partilha de intimidade e de afectos são algumas de entre outras possibilidades de explorar o prazer sexual durante a velhice como, aliás, em qualquer outra idade.
A masturbação é também uma forma válida de ter prazer, que pode ser utilizada numa relação a dois, bem como (e principalmente) na ausência de um parceiro sexual.

Alguns tipos de doenças, como sejam a diabetes ou a esclerose múltipla, certos medicamentos, como sejam os utilizados para tratar doenças cardíacas ou para a hipertensão, e intervenções cirúrgicas na zona pélvica, podem provocar dificuldades sexuais.
Na mulher, com a menopausa, ocorrem algumas alterações fisiológicas e hormonais que podem igualmente afectar a actividade sexual.

Para melhor lidar com o impacto destas alterações sobre a sexualidade, nomeadamente no sentido de as minimizar, é de grande importância falar com um técnico de saúde. Além do médico de família, pode-se sempre consultar um ginecologista (para as mulheres), um andrologista (para os homens) ou um sexólogo (para ambos) a fim de obter ajuda para ultrapassar eventuais dificuldades sexuais que possam ter.

Disfunção eréctil
A disfunção eréctil, também conhecida como impotência sexual, é a doença mais comum entre os homens com o passar dos anos (15% deles com 70 anos ou mais têm dificuldade de erecção) e, ao mesmo tempo, a menos tratada – acredita-se que apenas 10 a 15% dos que apresentam o problema procurem ajuda. Entre os vários factores que podem ocasionar a impotência, a causa número um é a arteriosclerose, doença degenerativa das artérias que mais mata no mundo.

Embora impotência é mais provável com mais de 40 anos, não é uma parte normal do envelhecimento. Muitas vezes acontece por causa impotência dos problemas de saúde mais comuns em pessoas mais velhas como doença cardíaca ou diabetes, ou impotência pode ocorrer como resultado de uma cirurgia de próstata doença. Fumar pode ser outra causa de impotência - fumar reduz os vasos sanguíneos, tornando-a mais difícil de sangue para chegar a diferentes partes do corpo, incluindo o pénis. Sem sangue suficiente de fluir para o pénis, é difícil obter uma erecção. Esta é a definição de impotência. Outras coisas que contribuem para impotência como estreitaram artérias incluir comer alimentos demasiado gordos e com pressão arterial elevada.

Para alguns homens, impotência pode ser fixado por simplesmente mudar para um estilo de vida saudável - não fumar, comer menos gordura e com o exercício regular - pode ser o suficiente para melhorar a saúde tal como a impotência.

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